quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

OPINIÃO, QUE PENA!!! - O triste fim do movimento evangélico


Por Ricardo Gondim.

O mundo gospel (evangélico ou neopentecostal) conseguiu a proeza de firmar-se, no Brasil, por algumas características: nanismo cultural, superficialismo ético, pragmatismo da riqueza fácil, hipocrisia moralista, fundamentalismo teológico.

Os que ainda se consideram evangélicos talvez não saibam: as raízes do movimento, lá atrás, com Billy Graham, concebeu uma versão triunfalista da fé. Era a salvação do fundamentalismo, que insistia em afirmar que conseguia ler a Bíblia ao pé da letra. Fundamentalistas, entretanto, por teimarem em ser os donos da verdade bíblica, acabaram isolados devido ao Scopes Trial; nele, criacionistas e evolucionistas se enfrentaram em um tribunal, e os criacionistas passaram vexame.

Os “Evangelicals” procuraram sair dessa cerca estreita; propuseram, então, certo diálogo com a cultura, com as ciências e com as artes. Mas, como nunca se desligaram do fundamentalismo, a proposta acabou retrocedendo. Nos Estados Unidos, principalmente depois de Donald Trump, os evangélicos recrudesceram aos primórdios do fundamentalismo. No Brasil, além de adotar a agenda moralista e fundamentalista gringa, os evangélicos se neopentecostalizaram. E o resultado foi desastroso: viraram chacota nacional.

Infelizmente, o movimento, com seus “heróis”, não se resume à religiosidade desenraizada, iconoclasta, sem beleza, magra em arte sacra – e que sobrevive de chavões, clichês e frases prontas. Os evangélicos se tornaram altamente criativos em outra dimensão: nas novidades mágicas, nas campanhas mirabolantes de milagres espetaculares. Conseguiram a proeza de transformar o caminho de um carpinteiro judeu em um mega show de milagres e prosperidade.

Toda a máquina religiosa foi azeitada para gerar sinais e com eles, dividendos. Ouvi um renomado líder neopentecostal discursar sobre os vários tipos de pescadores no reino de Deus. No final, arrematou: “Alguns pescam com rede, outros usam anzol com isca. Em nossa igreja, não temos vergonha de usar cocô como isca”. Depois do susto, lembrei que basta ligar a televisão, o rádio, ou frequentar qualquer auditório para notar que ele tem razão. O cheiro ruim da pescaria vaza pela tela.

Assim, os neopentecostais se firmaram como um supermercado grotesco de serviços (e produtos) religiosos. Vende-se de tudo: vassoura sagrada, Bíblia ungida, sal grosso, água do rio Jordão, tijolo da bênção, toalha milagrosa. O fiel, percebido como consumidor, passa a relacionar-se com Deus nas bases do mercado: buscando um melhor serviço (bênção) por um menor preço.

Com apelo forte e competente, bem afinado com os desejos das massas, o neopentecostalismo virou o discurso hegemônico. Ele é dono de emissoras de televisão, com o horário nobre, e tem bancada de políticos. Com tamanho sucesso, protestantes históricos perderam espaço. Já os pentecostais clássicos se viram pressionados a adotar métodos semelhantes – o neopentecostalismo lota auditórios e deixa pastores, bispos e apóstolos, riquíssimos.

Os neopentecostais desenvolveram uma espiritualidade de “rodoviária”. Eles não precisam de vínculos comunitários. Sacralizam os templos, valorizam os mega ajuntamentos, e basta. Deus é mercadoria e a esperança, vendida, só serve para alienar. A igreja se transforma em balcão onde uma feitiçaria eficaz é oferecida sem cessar. As pessoas, usadas e ludibriadas, adoecem, já que os pastores não passam de lobos vorazes. Para financiar a máquina religiosa, o neopentecostalismo não enxerga pessoas, só o potencial de contribuir. E se houver alguma fracasso nessa grande oferta, a culpa recai sempre no fiel: ele “não teve fé“, “não sacrificou com sinceridade“, “não deu o dízimo“.

O movimento evangélico tornou-se refém do seu próprio marketing; como anseia dominar o mundo midiático (rádio e televisão), a mensagem não passa de neurolinguística raquítica. O autêntico testemunho evangélico perdeu-se pela importância do cenário. (O meio é a mensagem). O anúncio dos conteúdos da fé acabaram em segundo plano diante da força da imagem – que transforma tudo em simulacro. Eis porque os televangelistas sucumbem, caricaturas de si mesmos.

Vaidoso, gabola de sua eleição como “missionário da salvação do Senhor”, o movimento cresce numericamente e em poder, mas perde, na mesma proporção, sua credibilidade. Jesus avisou aos discípulos: “Vocês devem ser sal da terra“; todavia, acrescentou uma advertência: “Se o sal perder o seu sabor, para nada mais presta senão para ser jogado fora e pisado por homens e mulheres”.

Soli Deo Gloria
Ricardo Gondim é escritor e teólogo, presidente da Convenção Betesda Brasil. E-mail: ricardogondin2@gmail.com

2 comentários:

  1. Uma pessoa pra se preocupar tanto com a igreja do Senhor assim como vc, só pode ser um verdadeiro homem de Deus. Jesus veio ao mundo para rechaçar toda essa mazela que vc também está vendo na igreja d'Ele e, foi morto por isto. Esses camaradas que vc cita e buscou informações sobre eles, servem ao BODE HERMAFRODITA, é isso mesmo, aquele chifrudo adorado desde os primórdios lá no EGITO e depois pelos reis israelenses lá no VELHO TESTAMENTO.Continuam ai, com toda pompa e luxúria, falam de Jesus ,mas negam suas verdades. Um abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não sou eu que se preocupa com a igreja, mas sim o grande Elohim Yeshua/Jesus o Messias...o Sistema religioso estar bichado e caído...eu só faço a minha parte para qual fui convocado...Provocar o rompimento da maçonaria como os seus aliados religiosos...Se eles continuarem em pé, pouca carme se salvaria nessa geração do fim...Ir Ryba...vosso serviçal...Nada dizemos em oculto...

      Excluir